O Vale do Pati, localizado na Chapada Diamantina, na Bahia, é conhecido como um dos melhores destinos de trekking do mundo. A trilha atrai visitantes por suas paisagens deslumbrantes e pela imersão em uma experiência única com a natureza e a comunidade local. A seguir, você vai conhecer quatro curiosidades e mistérios pouco conhecidos que tornam essa aventura ainda mais especial.
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De Fazenda de café a Turismo: A Transformação Histórica do Vale
O início do povoamento do Vale do Pati teve início ao final do século XIX, quando a seca histórica dos anos 1890 na Bahia prejudicou a produção de insumos básicos para a sobrevivência das populações de Lençóis e do Capão Grande (atual Vale do Capão). Com seus inúmeros rios perenes, o Vale do Pati começou a ser povoado, sendo considerado distrito de Andaraí até os anos 1960, quando o municípo de Mucugê dividiu o Vale meio a meio, pela sua proximidade com um de seus distritos, o Guiné. Com o declínio de sua principal produção, o café, mais de duas mil pessoas se retiraram do Vale em busca de empregos em outras cidades. Algumas famílias permaneceram no Vale trabalhando em atividades de subsistência simples. A partir dos anos 1994, a Agência de Turismo de Aventura, Terra Chapada, começou o turismo no Vale a partir da recepção de turistas nas casas dos moradores.
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A Imensidão do Tempo: Formações Geológicas de Bilhões de Anos
O cenário do Vale do Pati é resultado de processos geológicos que datam do período Proterozoico, entre 1,6 e 1,2 bilhões de anos atrás. As formações rochosas, como as da Serra do Sincorá, revelam um passado remoto que moldou os morros, cachoeiras e planícies que hoje encantam os visitantes. As chuvas orográficas que caem sobre a região também influenciam sua biodiversidade única, com mata ciliar verdejante, conhecida como mata ombrófila, contrastando com campos rupestres.
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Trekking com História: O Enigma da “Igrejinha” e da “Prefeitura”
Entre as casas de apoio que recebem turistas no vale, destacam-se a “Igrejinha” e a “Prefeitura”. A Igrejinha, além de ser um ponto de hospedagem, foi um espaço de celebração comunitária. Já a Prefeitura remonta ao período em que a produção cafeeira buscava se organizar administrativamente. Embora tenha esse nome, a Prefeitura era apenas um centro de referencia para levar documentos às autoridades em Andaraí; o Vale do Pati, mesmo enquanto distrito, não possuía de fato uma sub-prefeitura.. Essas estruturas são testemunhos da vida comunitária que resistiu às mudanças econômicas da região.
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Mitos e Lendas: O Vale e Suas Histórias Sobrenaturais
Os moradores locais compartilham histórias de visitantes que dizem ter vivenciado fenômenos estranhos durante a travessia. O isolamento e a imersão na natureza fazem com que a mente se torne mais sensível às lendas contadas pelos guias, incluindo avistamentos e sensações inexplicáveis. Essa atmosfera mística faz parte da experiência de quem se aventura pelas trilhas, reforçando o fascínio do lugar.
Dicas para Aproveitar a Trilha com Segurança
- Planejamento é essencial: A travessia pode durar de 1 a 5 dias e exige preparo físico.
- Guia recomendado: Embora a contratação de guias não seja obrigatória, é altamente recomendada devido à complexidade das trilhas e ao risco de acidentes.
- Respeite a natureza: O turismo sustentável é vital para a preservação da cultura e da biodiversidade do vale.
O Vale do Pati é um destino onde a aventura se encontra com a história, e cada trilha revela um fragmento de um passado que resiste. Mais do que uma simples caminhada, essa jornada é uma oportunidade de explorar mistérios e se conectar com a essência da Chapada Diamantina.
Fontes:
- Silva, G. I. P. da. Turismo de Base Comunitária e suas Funcionalidades: Uma Análise sobre a Comunidade do Vale do Pati no Parque Nacional da Chapada Diamantina-BA, 2022(silva_gip_tcc_rosa).